Pertencente à fase mais marxista de Jorge Amado, Cacau descreve a vida dos trabalhadores rurais, explorados ao extremo nas fazendas próximas a Ilhéus. Com uma denúncia social bastante contundente, o romance se presta à propaganda do ideal socialista.
Suas personagens podem ser divididas em três grandes blocos:
O primeiro deles, o dos coronéis, que, apesar de sua brutalidade extrema, prestam um assistencialismo paternalista bastante hipócrita ao batizar os filhos dos empregados, ao descrever - como faz a filha do coronel - de maneira irreal a "feliz" vida que os trabalhadores rurais levam nas fazendas.
O segundo bloco pode ser sintetizado pelo capataz Algemiro. Essa personagem exemplifica os pobres, "alugados", no vocabulário do romance, que se tornaram sedentos por poder e dinheiro. São exatamente aqueles que olvidam suas origens humildes e ignoram qualquer possibilidade de consciência de classe. Esse é um papel diametralmente oposto ao do narrador, que, de menino rico e educado em Sergipe, torna-se pobre e "alugado" em Ilhéus.


A consciência política de nosso narrador se sobrepõe a qualquer sentimentalismo burguês e romântico. Nas palavras do próprio narrador, seu amor por seus camaradas de classe é muito maior do que qualquer sentimento que ele pudesse sentir pela filha do coronel.
AMADO, Jorge. Cacau. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
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